"Deixar Deus fazer o novo naquilo que já sei fazer"

Santa Cecília - Padroeira dos Artistas


Santa Cecília, padroeira dos músicos
Cecília é a santa padroeira dos músicos e a mais celebrada dentre  os primeiros mártires romanos. O ano de seu nascimento é desconhecido, mas acredita-se que ela tenha morrido em 177 d.C. Justamente por ser uma das primeiras santas da Igreja, poucos detalhes de sua vida são realmente conhecidos, mas antigas inscrições referem-se a seu corajoso testemunho de conversão e santidade e a seu zelo extraordinário pela Igreja Cristã, que em seu tempo era tenazmente perseguida pelo imperador Diocleciano.
Naquela época, as missas e demais celebrações cristãs eram feitas às escondidas e a casa de Cecília era um dos principais locais de oração dos primeiros cristãos. Ali o Papa Urbano I costumava presidir a Eucaristia e também batizar os novos convertidos. As fontes de pesquisa indicam que, além de anfitriã dessas reuniões de oração, a jovem Cecília era também responsável pela organização das celebrações, bem como a voz principal na hora de entoar os salmos, os hinos cristãos e os “cânticos espirituais” , a exemplo daqueles citados por São Paulo em Ef 5, 19.
Apesar de sua decisão de permanecer casta, ela foi prometida em casamento a Valeriano, um jovem nobre de família pagã. Cecília, filha obediente, aceitou a decisão de sua família. Porém seu testemunho de autêntica fé cristã acabou levando seu noivo, juntamente com o irmão Tibúrcius , à conversão. Tendo experimentado a graça e o amor de Jesus Cristo, Valeriano também optou por respeitar o voto de castidade de Cecília e os dois passaram a ser importantes lideranças da Igreja perseguida.
Mas os espiões do imperador descobriram as reuniões secretas em sua casa e Valeriano foi imediatamente preso e queimado vivo em plena Via Ápia , juntamente com seu irmão Tibúrcius .
O rápido julgamento de Cecília parece ter sido realizado ali mesmo em sua casa , perante autoridades romanas. Por ser jovem e de família influente, a ela foi oferecida a alternativa de prestar culto aos deuses romanos em troca de sua liberdade. A bela cristã intrepidamente declarou que seus dons, sua inteligência, sua voz e seus cânticos apenas seriam dedicados a servir a Jesus Cristo, o Senhor . Por seu testemunho de fé a jovem foi condenada a ficar no banheiro de sua casa inteiramente vedado até morrer sufocada sob o vapor do banho . Porém, mesmo após um dia e meio sem oxigênio, a vida não saía de seu corpo. Então, um experimentado executor foi enviado para separar do corpo a cabeça de Cecília, mas diante da coragem e firmeza da fé daquela jovem, o carrasco vacilou com a espada e simplesmente não conseguiu desferir com precisão os três golpes prescritos pela lei. Chocado com seu fracasso, o carrasco deixou a jovem no seu banheiro, sangrando, mas ainda viva e completamente consciente, com sua cabeça metade separada do corpo. Ela ficou deitada sobre seu lado direito com suas mãos cruzadas em prece e assim permaneceu, com a face voltada para o chão, por três dias e noites, até finalmente falecer.
Os primeiros cristãos finalmente a encontraram e vestiram o corpo da rica mártir em vestes de seda e ouro e colocaram-no em um caixão de cipreste na mesma posição em que Santa Cecília expirou . Aos seus pés foram colocados tecidos de linho e véus para absorver o sangue.
Depois de sua morte, sua casa foi transformada em uma igreja e seu corpo foi enterrado na catacumba de S. Calisto, nos arredores de Roma.
Setecentos anos depois , por volta do ano 822, quando estava em restauração a igreja dedicada à sua memória, o Papa Pascal I desejou transferir os seus restos mortais para um lugar onde pudesse ser visitado por peregrinos, mas não conseguiu encontrar a sua sepultura. Segundo consta, a Santa lhe apareceu em extraordinária visão quando ele estava orando e falou-lhe do local de seu corpo. O caixão foi, de fato, encontrado no exato local indicado e, ao abri-lo, o Papa teve a maravilhosa surpresa de encontrar o corpo de Cecília totalmente intacto . O milagre da incorruptibilidade foi constatado (assim como mais tarde aconteceria nos casos de Santa Clara, Santa Rita e tantos outros santos e santas) e o corpo foi depositado ao lado dos ossos de seu marido e de seu cunhado, agora localizados abaixo do altar da igreja, seguindo antiqüíssimo costume. Ali – na Basílica de Santa Cecília, em Roma – permanece o corpo da santa, totalmente intacto até hoje, mais de mil e oitocentos anos depois de sua morte.
A história da jovem e bela Cecília é para todos nós – agraciados com o dom da música – não simplesmente um exemplo de “boa musicista” ou “virtuose musical”, mas o testemunho de alguém que soube colocar seus dons à disposição de Deus e que teve coragem de utilizar a música como expressão de sua fé.
Que seu exemplo possa ser inspiração em nossos dias. Que, no mundo tão conturbado e cheio de desafios em que vivemos atualmente, tenhamos, assim como nossa padroeira, a coragem de não dobrar nossa arte aos pés dos ídolos do consumismo e do relativismo moral , que nossa música seja testemunho vivo dos valores e da pessoa de Jesus e que nosso som seja como uma ponte que permanentemente transporta Deus em direção ao seu povo e o povo em direção ao seu Deus.